quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Uma deusa de joelhos

Hoje ouvi uma música no rádio, que eu não ouvia há muito tempo.
Já aconteceu isso com você?

Se a música é animada como essa então.... virgê! Estourei os tímpanos. Não os meus. Os das pessoas dos carros vizinhos. Os meus já são estourados há muito tempo, pela minha própria voz, sou gritalhona, escandalosa, italiana e baiana. Vim sem o mute.

Você pode ouvir a música no final desse texto, pra você não achar que sou louca.
A música é muito boa, porque é animada e porque dá vontade de fumar num conversível vermelho com um lenço esvoaçante e florido na cabeça, um batonzão vermelho na boca, um óculos escuro enorme, tudo isso enquanto viaja por uma costa de algum litoral importado chiquérrimo. E como se precisasse, além de tudo isso, essa música diz umas verdades... pelo menos sobre mim.

Quem canta é uma garota chamada Meredith Brooks, e se chama 'bitch'. Isso mesmo.

E traduzindo, fica assim:

Sou uma puta, sou uma amante,
Sou uma criança, sou uma mãe,
Sou uma pecadora, sou uma santa,
Não realmente não me sinto envergonhada.
Sou seu inferno, sou seu sonho,
Não sou meio termo,
Você sabe que não gostaria que fosse de qualquer outro jeito.

Demais né não?
Eu sou todas essas coisas. E antes que alguém dê à palavra 'puta' a conotação que geralmente essa palavra tem, vou dizer o que eu acho que é 'puta'.

Sou puta quando não faço o que eu acho que preciso fazer. Principalmente as coisas corretas.
Também sou puta quando acho que meus direitos estão à frente dos direitos dos outros - e quando eu simplesmente fecho os olhos pro que o outro diz.

Amante nem se fala! Tem um tanto de coisas nesse mundo que eu amo.
Sou criança, mãe, santa e pecadora. Tudo ao mesmo tempo. Quem aguenta?

Mas o que eu mais gosto no refrão é 'não sou meio termo'. Tem muita coisa que eu sou, mas meio termo é algo que não sou.

E isso as vezes pode parecer radicalismo, mas no fundo (pra fechar com chave de ouro esse refrão incrível): 'Você sabe que não gostaria que fosse de qualquer outro jeito.'

E é engraçado pensar que apesar de eu não ser meio termo, eu sou muitas em uma só!
Mas acho que é porque quando cada uma de mim se revela, ela é inteira.
Inteira pecadora, inteira mãe, inteira santa, inteira criança. Acho que o nome disso é integridade.

Sou uma deusa de joelhos, diz a música.

Que bonito isso: uma deusa de joelhos.
Imagina? Bom, já posso começar a rir de mim mesma: ajoelhada com minhas sandálias gregas apertadas e meu vestido dourado espalhado pelo chão.

Aí vai a música, aumente o som: http://www.youtube.com/watch?v=rhfiiGGy7Ls