quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Indulto de aniversário

Tava aqui pensando que eu bem mereço um texto pra mim mesma como presente de aniversário.
Aí pensei em que título daria pra esse texto... sei lá por que cargas d'água me veio o nome 'indulto de aniversário'.

Acho que devo ter escutado a palavra indulto nas últimas semanas, quando não se fala em outra coisa se não no Papa.

Fui ver no dicionário (eu adoro dicionário) e lá dizia:

s.m. Perdão, graça, redução ou comutação de pena.
Privilégio concedido pelo papa.
Decreto pelo qual se concede uma graça ou um privilégio.


Ahhh, me diz, não é perfeito?
É perfeito.

Receber um perdão, uma graça ou um privilégio de presente de aniversário... é o melhor presente de todos!

Mas o que mais gostei foi 'redução ou comutação de pena'. Pausa pra uma nova consulta no dicionário... 'comutação' eeehrrrr....s.f. Substituição de uma coisa por outra; permutação, troca.

De graças eu sou cheia. Nos dois sentidos. No sentido bem expressado pela minha mãe e vó: Não é Maria, mas é cheia de graça! E no sentido divino da coisa mesmo: sou agraciada por Deus.

Agora pensando no outro significado, em redução ou comutação de pena... Deixa eu pensar.
Como é o meu aniversário, vou criticar e elogiar a mim mesma. Se chegar ao final desse texto, você também poderá enviar seus comentários sobre mim. Ou sobre você se quiser, mas pode ter tréplica!

Já sei. Quero reduzir meus níveis de stress.
Não o stress que os outros, o trabalho ou vida me causam, mas o stress que eu mesma me causo. Me cobro de lembrar de tudo, de pensar em tudo, de estar sempre ligada, antenada, conectada e animada. É muito 'ada'. Eu podia estar só relaxada, desligada, desleixada e avoada.

Quero também comutar minha pena. Tenho várias sugestões, qual o email do céu?
Será ceu.agape@liturgiadivina.com.br?

Vamos lá:

- Ter um dia a mais de vida, pra cada dia que eu reconhecer que não tem ninguém no mundo como eu. E com o kit completo de motor, injeção eletrônica, ar condicionado e 500 cavalos que só eu tenho. Sou um mustang vermelho RGB 255, 0, 0 (pode testar aí no seu power point, dá vermelho).

- Ser menos ranzinza em troca de dançar na frente do espelho depois de tomar banho, ao som de uma música animada... até ficar louca e bater com a cabeça na parede ou o dedinho na quina do armário.

- Dar um monte de gargalhadas no lugar de pensar diariamente 'o que é que eu tô fazendo aqui?'. E acredite, eu penso nisso em vários lugares diferentes. Vai ver eu sou uma des-loUcada.

- Dormir mais em troca de gente sem noção. Aproveitar que elas me dão sono mesmo...

- Entender de uma vez por todas qual é a minha missão na Terra no lugar de bater com a cabeça todos os dias contra o machado da minha consciência.

- E por fim, dar mais crédito a minha intuição que não faz outra coisa a não ser me levar pros caminhos mais adoráveis que já pude conhecer, no lugar de dizer que acredito e adoro a minha intuição, mas de verdade, não a respeito.

Que nesse novo aniversário eu possa reconhecer as graças, contar as minhas bençãos, reduzir minha pena e me perdoar. E se o papa quiser me conceder algum privilégio, vou adorar ganhar os sapatinhos vermelhos que ele não mais usará a partir de amanhã, do meu dia.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Pessoas magnéticas

Hoje pela manhã, durante meu trabalho, quando acompanhava uma turma em treinamento, presenciei uma coisa muito muito bacana.

A turma precisou se dividir em grupos menores e realizar uma determinada atividade, que certamente exigia uma ‘malemolência’ de todos os participantes. É preciso sempre ceder em algum aspecto quando se está em grupo.
Em alguns grupos, notei que havia pelo menos uma pessoa DISPOSTA.
Quando digo disposta, não estou me referindo a ‘estar a fim de fazer’... inclusive porque isso em um curso, nem sempre acontece, mas as coisas saem, evoluem. Disposta é estar de braços abertos, e isso se vê literalmente na postura. Pessoas dispostas movem os braços de forma diferente, quase nunca os cruzam, a não ser quando sentem frio.
O que notei é que duas pessoas em especial, uma em cada grupo, eram pessoas magnéticas. Pessoas magnéticas tem a capacidade de imaginar o que ainda não aconteceu, podem ceder e serem rígidas na medida exata, atraem outras pessoas como um imã, elas sabem intuitivamente de sua própria existência e presença em universos paralelos. Estão em outro nível da compreensão do mundo e das coisas.

Não, não são pessoas que sabem tudo. Aliás, em geral sabem um pouquinho de cada coisa, e não se aprofundam em nada. É gente que anda distraída, mas sabe te contar em detalhes a combinação caótica e adorável que uma moça que passou na rua soube criar: uma meia calça vermelha com sapato boneca preto e um vestido cheio de detalhes verdinhos. E tinha fitas.
Como disse um texto que li outro dia: tenho galhos pensamento!

Pulo de galho em galho em questão de um quarto de segundo. Eu sou um pot-pourri. Não meus pensamentos, eu. 

O que eu vi nos grupos, é que, se você é uma pessoa magnética, você vai encontrar o caminho de fazer as coisas acontecerem de uma forma bem mais bonita e poética. É um carma. Você precisa ter ética pra seguir por esse caminho, precisa ser magn-ética.

Fiquei emocionada, porque vi que outras pessoas foram atrás desses dois imantados.

É grave! Que tipo de pessoa pode fazer isso? É algo como um Deus? Algo como um sacerdote divino enviado?

Não sei, mas eu acredito de verdade que Deus colocou em nós, todo o pó de pirilim pim pim, que na minha concepção é brilhante, arenoso e o bastante pra durar a vida toda. Se for assim, podemos de vez em quando, colocar a mão no bolso do casaco e sem que ninguém veja, pegar um punhado e espalhar em volta de toda a gente que nos cerca. Tem gente que faz isso de forma adorável.

Nas últimas semanas tenho descoberto que gosto de COM-PARTILHAR. Partilhar com alguém. Gosto de encontrar, ou melhor, de vasculhar uma oportunidade, com alguém aberto e disposto a RE-PARTILHAR: receber e depois partilhar novamente. Gosto de mostrar um vídeo, uma imagem, um som, contar uma história, com quem tenho certeza, no final vai dizer mais que ‘legal isso’... ela vai vibrar, chorar e explodir, podendo se reconhecer um pouco em mim, e sem dúvida reconhecendo outras pessoas magnéticas de sua vida. É isso que o magnetismo faz.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O que aconteceu ainda está por vir

Ouvi 'antes de ontem' a música Índios, do Legião Urbana. Tocou assim, por acidente no rádio.
E tem um trecho que me faz feliz sempre que escuto:

Quem me dera, ao menos uma vez,
Explicar o que ninguém consegue entender:
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.

Quando tentei refletir sobre a terceira linha, achei que ela fazia muito sentido quando se pensa em coisas do mundo. Me parece sempre que o que aconteceu ainda está por vir.
Talvez por que eu viva em eterna suspensão, como se tivesse sempre segurando o ar, pra soltar na melhor hora. Como quando você termina algo que estava fazendo, ou quando se joga no chão e dali ninguém te tira.

Mas aí pensei que o sentido maior desse conjunto de letras, pode estar falando da lei do retorno. Não aquela de Israel que permite qualquer judeu de qualquer país do mundo, se estabeleça em Israel.
O que aconteceu ainda está por vir, porque toda ação tem uma reação.

E as vezes, a reação não é de uma pessoa ou de um cachorro, como quando seguro a bolinha por muito tempo esperando que o cachorro olhe fixo pra ela, sem me atacar.
A reação vem vestida de muitos jeitos diferentes. E aí penso que tudo que faço vai gerar alguma coisa. Pra mim ou pro outro, visível ou não.

Tem a ver com intuição.
Uma vez li um texto que dizia: Imagine se pensássemos "isso foi a melhor coisa que não me aconteceu". Arrancaríamos o 'se' definitivamente do nosso repertório de arrependimentos: E se eu tivesse feito melhor? E se eu tivesse ficado? E se eu tivesse saído.

Namorar o cara que eu tava super afim aos 19 anos - Uauuuu! Foi a melhor coisa que não me aconteceu.
Mudar pra outro país antes da faculdade - Foi a melhor coisa que não me aconteceu!
Dançar no ballet bolshoi - Foi a melhor coisa que não me aconteceu.
Escolher uma faculdade de exatas.... Tcharammm! Acredite.

Segundo o que diz a lei do retorno, tudo volta. É como uma bolinha quicando na parede.
Então, se o que aconteceu ainda está por vir, o que não aconteceu também.
Maravilha, tenho chances de ser boa no skate, porque nascer menino e aprender a andar de skate aos 8 anos foi a melhor coisa que não me aconteceu. Viva o rímel e a mini saia!

Parece conformista né? Tô aqui pensando nisso agora.
Mas acho que não é não. O desafio é aprender a enxergar de forma colorida que o que não aconteceu - é o melhor que poderia ter acontecido. E o que aconteceu, pode desaparecer amanhã, às 06:54h, quando você estiver saindo pro trabalho e notar que esqueceu a carteira em casa.

Vamos lá, tô pronta então pra:
Esquecer as chaves ao sair de casa, dormir sem tomar banho, não telefonar, não responder emails mecanicamente, falar alto no supermercado com o namorado que tá lá na outra ponta pegando atum, chegar cedo na academia, no curso, na cama, esquecer de tirar a roupa do varal quando há 30 minutos começou uma tempestade, dizer não a convites que não me alegram, aprender a cozinhar, a andar de skate, a surfar, a trocar um chuveiro. Entender definitivamente que não se pode grudar os dois fios do velho ferro de passar roupa, com fita isolante. Também tô pronta pra parar de chamar sushi de 'arroz com fita isolante'... mentira.

Feliz, fico por aqui, vendo chegar o que ainda está por vir. Do que aconteceu hoje, ontem, antes de ontem, ano passado, uma década atrás... na outra encarnação.








quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O cruzamento e o Puxa-frangos

Conversando com 3 garotas desconhecidas hoje, notei que não sou a única a acreditar que deve haver algo maior a ser feito no mundo.

As meninas que encontrei, com seus 18 anos estão pensando nesse exato momento, sobre o que vão fazer da vida. O papo todo foi ótimo, não porque é uma questão que me angustiou aos 18 e me identifiquei, mas porque me angustia hoje, e imensamente.

Aí, podem aparecer os carreiristas pra me dizerem que, se eu ainda não sei o que quero aos 31... provavelmente fiz uma escolha muito errada lá atrás, ou que isso é fase e eu tenho que "aguentar firme", pois a vida tá difícil pra todo mundo.
Acredito que sempre sabemos intuitivamente o que é certo, e se insistimos no errado é por falta de potência pra voltar ao caminho que nos pertence. Então era o certo a se fazer. Se não se tem potência, ali era o lugar correto.

Acho que sempre escolhi certo. Porque aceito que erros fazem parte da estrada, e certamente o universo só deixará que eu me dê conta deles, quando eu estiver preparada pra me mover. Então, não existe vida errada. Do ponto de vista da minha luneta, claro.

Agora, sobre o "aguentar firme", me parece com um martelo batendo na nuca. É agressivo.


Tenho a sensação de que muitas pessoas, incluindo eu, estão na dúvida sobre qual é o foco, no que devem verdadeiramente empenhar suas energias. Tenho encontrado muita gente vivendo isso, falando sobre isso... Coincidência? Não sei, só sei que estou no olho do furacão também. Tenho pensado em criar um grupo chamado "O que eu vou ser quando crescer?", pra compartilhar esse desejo por uma vida com valor.

Li nessa semana, uma frase linda de Aristóteles, que dizia:
Onde as necessidades do mundo e os seus talentos se cruzam, aí está a sua vocação.
Acho que as necessidades do mundo então, estão procurando por um talento meu, estão fazendo um chamado. Há vários dias e de todas formas. Procurei no google e não achei no mapa. Onde está o cruzamento? Não atualizaram.

Procurando pelo real sentido das coisas, por uma vida com valor, tenho experimentado de tudo: desespero, pânico, irritação, entusiasmo, preguiça, esplendor e paralisia.

Sim, paralisia, porque desejo de mudança não é igual a movimento. Não sempre.


As vezes acho que sou o Frank Puxa-frangos do desenho do Pica-Pau - um robô sem nenhuma inteligência, com uma única função: tirar penas de frangos.
Assim, no dia a dia, saio arrancando penas, que é o que fui programada pra fazer. Mas é mecânico, é artificial, sem graça e na maioria das vezes dá pau, como o Frank... Sigo acordando e dormindo, e se algo passar na minha frente e não for um frango, mas tiver penas, lá vou eu Ihhh Tuuuu Ihmmmm Tum. Enfadonho.
 Muitos de nós estamos dando de cara com essas perguntas:
- Onde está o cruzamento?
- Quais são meus talentos?
- Como posso fazer a diferença?
- Onde encontro pra comprar dois quilos de valor pra botar na minha vida, como um aplicativo?

Pelo menos eu, dou de cara com cada uma delas não de vez em quando, mas durante muitas horas em um único dia. Tem sido cansativo. Mas sei que é um caminho sem volta, tenho que encontrar respostas.

Mas algo me diz que eu e algumas adoráveis pessoas que conheço, estão bem pertinho de encontrar a vocação, no cruzamento, toda enfeitada e com um arsenal de fogos de artificio colorido nos esperando pra dizer: enfim, NÓS!