quarta-feira, 28 de agosto de 2013

75% OFF

Andando pela casa, vi uma cena da novela que me fez parar:
O Lino, que mora num vilarejo, ganhou dinheiro como modelo na cidade grande e resolveu comprar coisas bem úteis e legais pra sua vó: fogão elétrico e micro-ondas.

Na cena, ele estava explicando como ligar cada um dos aparelhos. Ela ficou encantada. Disse que ele não precisava ter se preocupado com ela, mas que ela iria aprender como usar cada um direitinho, e que agora, ele era o homem da casa. Ela ficou bem emocionada com os presentes.

Fiquei pensando: eu gostaria de ter feito isso pela minha vó.
Não pensei nisso de forma triste, com amargura ou arrependimento por não ter feito isso.
Só pensei que seria bom ter tido uma cena dessas com ela.

Mas pensando agora, não sei se minha vó gostaria de ter ganhado mais coisas materiais na vida - e sim, ela tinha fogão elétrico e micro-ondas.

Acho que o que estou aprendendo agora, minha vó sempre soube: Não precisamos de muito, não precisamos de nada que esteja fora da gente, e isso inclui todos os bens materiais que compramos seguidamente só porque um cartaz colorido na loja aponta 'Pro-mo-ção'.

Vejo tantos cartazes por aí: sale, liqui, liquidAÇÃO, 50% off, 75% off.
Hoje eu coloco o meu cartaz aqui:
 

Tenho me desconectado da complicação que é suar, ganhar, comprar, pagar, pagar, pagar, suar de novo, ganhar de novo e comprar, comprar e comprar. E pre-pa-ra: suar, ganhar. Mais desgastante que duas horas de malhação, e menos eficiente também.

Acho hoje, de verdade, que posso viver com menos matéria. A matéria de que preciso está em mim e nos outros com quem me conecto. E só.
Não preciso e não quero o carro do ano, uma geladeira que fala comigo ou um celular que não poderei deixar cair no chão nunca.

Não é falta de ambição, é excesso. Eu tenho uma ambição:
Que o meu dinheiro possa me ajudar a ter mais tempo e mais ideias mirabolantes. Que ele possa me ajudar a estar atenta pra ajudar o outro, nem que seja com a minha presença em algum lugar por aí.

Minha vó dizia desde sempre: Qualquer paixão me diverte!
Que beleza vó! Ela se referia a 'não preciso de muito, pra mim, qualquer coisa tá bom'.

E acho que quando ela dizia 'qualquer coisa tá bom', ela não se referia necessariamente a receber qualquer coisa, porque a gente pode negar coisas. Mas acho que quando alguém está aberto pra qualquer paixão que vier, essa pessoa pode não saber o que vem, mas sabe que é coisa do bem.

De vez em quando, ela dizia essa frase com um arrastado 'qualquer paixão me Adiverte'. E ó que slogan bom: Qualquer paixão me ADVERTE!

Porque as paixões, sejam quais forem, advertem mesmo. Advertem que vale usar tempo e não dinheiro, que qualquer coisa material não vai te dar nem de longe o que você espera que ela dê - porque é você quem espera, quem cria a expectativa.

Nunca fui muito consumista e nesse ano tenho aprendido a ser menos ainda. Passo ilesa e sem chororôs pelas lojas de um shopping, não fico louca com as propagandas da TV ou com as promoções, e nem 'preciso fazer a unha toda semana, se não eu morro'. Também não tenho listas de coisas a comprar, sonhos de consumo ou desejos caríssimos.

Quando penso em comprar algo também penso: E se eu não comprar? O que acontece?
A resposta geralmente é: nada.

É dar um novo significado ao dinheiro. Um significado que ele já teve, antes de ser inventado: o da experiência.

2 comentários:

  1. Minha filha querida, como sempre lindo o que vc escreve, me fez até lembrar da voz da sua vó...realmente como ela mesmo dizia "o pouco com Deus é muito" lembra? Ela é sábia, aliás sempre foi mais atenta as coisas do nós que tivemos mais estudo...por ela é tão amada por tantas pessoas, gratuitamente. Sinto saudade e como sinto a falta do seu cheirinho e abraço, mas sei que vamos nos encontrar um dia se Deus assim permitir. Fico feliz de vc ser assim tão desgarrada de bens materiais, do consumismo, na verdade quando nós formos para outra dimensão não levamos nada, né?
    Bjs...obrigada por vc existir em minha vida, te amo!
    Mamis

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  2. Oi Mam,
    É isso aí... ela era sábia, mesmo quando fica nervosa! rsrs
    Não levamos nada mesmo, só o amor que a gente faz aqui na terra.
    Também amo você! Muito! Beijos, Fe

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