domingo, 11 de agosto de 2013

Um DNA perfeito

Acontece que um dia fui almoçar fora e pedi um risoto de tomate seco.
Era um dia de semana, e a praça de alimentação do pequeno mall estava meio vazia.

Fiz meu pedido e esperei. Fazia muito frio e eu queria mais era ir embora dali.

Finalmente chamaram minha senha, e fui apressada buscar meu risotinho no balcão.
Comi rápido e rasteiro, e fiquei feliz por aquilo ali estar tão gostoso.
Pensei então, que talvez a cozinheira devesse saber disso. No balcão, pedi um papel, caneta e escrevi um bilhetinho:
"Eu não sei se fazer um risoto é fácil ou difícil. Sei que ele estava maravilhoso. Eu não sei cozinhar. Obrigada, meu dia ficou muito melhor! Um abraço, Fernanda"

Pedi pra que a moça do balcão entregasse diretamente pra cozinheira, e que não se preocupasse, pois era um elogio. Ela virou lentamente pra janelinha onde ficava a cozinheira, tentando talvez nessa virada, passar os olhos e ler partes, se não tudo, do que eu havia escrito.

Sei que entregou o bilhetinho, porque vi a transmissão, mas logo me virei e sai. Não sei qual foi a reação.

Daí pra frente, já distribuí novos bilhetinhos. Fui à papelaria, comprei um bloquinho colorido e duas canetas, uma rosa e outra roxa. Deixo esse kit na bolsa, para o caso de eu precisar dizer que alguém se superou.

Em todos os casos seguintes, percebi que o mais divertido, é ver a reação de quem recebe um bilhetinho. Eu não deveria mais mandar alguém entrega-lo por mim.
O bilhete não importa mais, o que importa agora é a reação de quem recebe. Eu adoro vê-la.

Ontem, fui comer algo no shopping com meu namorado. Nada de restaurantes, estávamos com pressa e fomos então ao 'guichê' da Pizza Hut. Admirados, notamos que as atendentes que estavam do lado de fora do balcão com cardápios a postos, eram senhoras - Que felicidade! - pensamos em conjunto.
Que maravilha descobrir que uma empresa valoriza as pessoas mais experientes, mais velhas.
Essas pessoas são sem dúvida, mais simpáticas, atenciosas e arrisco a dizer até carinhosas ao nos atender.

Imagino que isso aconteça, porque elas já não precisam mais impressionar. São quem são, vivem plenas. Talvez tenham problemas, mas sabem que um olhar com intenção é percebido pelo coração.

Uma senhorinha então, nos apresentou o cardápio com as opções de pizza e bebidas que podíamos escolher. Ela não disse quase nada, apenas sorriu, apontou o cardápio e aprovou nossa decisão, quando enfim escolhemos o que íamos comprar.

Seguimos na fila, fizemos o pedido, pagamos. E eu sabendo que deveria falar sobre aquilo, saquei meu bloquinho, minha caneta roxa e escrevi pra ela:


A senhorinha, como todas as outras pessoas que recebem um bilhetinho meu, disse imediatamente:
"Pra mim?"
Eu disse "sim".
Ela então, procurou os óculos pendurados no pescoço, colocou-os na cara, apoiou o bilhetinho no cardápio, leu devagarinho, se virou, olhou pra mim, sorriu e abriu os braços. Ela me abraçou!

Isso não era um bilhetinho. Era um abraço. Era a felicidade dela, em mostrar segundos depois, seu bilhetinho pra colega de trabalho. Era provavelmente a empolgação dela, ao chegar em casa e contar aquela cena pro marido ou filhos.

E sei que provavelmente era também, toda a estranheza e esquisitice que um momento como esse pode proporcionar a alguém.

Dias atrás, minha grande amiga Janaina, se empolgou em multiplicar por aí alguns bilhetinhos carinhosos. Desse jeito, vamos criar um novo mundo, pensamos! E olha o que ela fez:


Acreditamos agora, eu e Jana, que as pessoas precisam saber o quanto elas mudam e melhoram nossas vidas. Elas precisam descobrir sobre isso. Precisam saber de seus poderes.

E pensando que tantas vezes reclamamos das coisas, dos jeitos e das atenções que nos foram dadas, que começar por elogiar, vai numa contramão deliciosa. Reforçar boas atitudes e experiências, faz com que, não só o outro se empenhe em ser ainda melhor, como também faz com que ele não perca tempo com coisas nas quais ele talvez nunca seja bom.

É sobre focar nas maravilhas de cada um, sobre deixar o outro saber que ele é perfeito.

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