quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O que aconteceu ainda está por vir

Ouvi 'antes de ontem' a música Índios, do Legião Urbana. Tocou assim, por acidente no rádio.
E tem um trecho que me faz feliz sempre que escuto:

Quem me dera, ao menos uma vez,
Explicar o que ninguém consegue entender:
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.

Quando tentei refletir sobre a terceira linha, achei que ela fazia muito sentido quando se pensa em coisas do mundo. Me parece sempre que o que aconteceu ainda está por vir.
Talvez por que eu viva em eterna suspensão, como se tivesse sempre segurando o ar, pra soltar na melhor hora. Como quando você termina algo que estava fazendo, ou quando se joga no chão e dali ninguém te tira.

Mas aí pensei que o sentido maior desse conjunto de letras, pode estar falando da lei do retorno. Não aquela de Israel que permite qualquer judeu de qualquer país do mundo, se estabeleça em Israel.
O que aconteceu ainda está por vir, porque toda ação tem uma reação.

E as vezes, a reação não é de uma pessoa ou de um cachorro, como quando seguro a bolinha por muito tempo esperando que o cachorro olhe fixo pra ela, sem me atacar.
A reação vem vestida de muitos jeitos diferentes. E aí penso que tudo que faço vai gerar alguma coisa. Pra mim ou pro outro, visível ou não.

Tem a ver com intuição.
Uma vez li um texto que dizia: Imagine se pensássemos "isso foi a melhor coisa que não me aconteceu". Arrancaríamos o 'se' definitivamente do nosso repertório de arrependimentos: E se eu tivesse feito melhor? E se eu tivesse ficado? E se eu tivesse saído.

Namorar o cara que eu tava super afim aos 19 anos - Uauuuu! Foi a melhor coisa que não me aconteceu.
Mudar pra outro país antes da faculdade - Foi a melhor coisa que não me aconteceu!
Dançar no ballet bolshoi - Foi a melhor coisa que não me aconteceu.
Escolher uma faculdade de exatas.... Tcharammm! Acredite.

Segundo o que diz a lei do retorno, tudo volta. É como uma bolinha quicando na parede.
Então, se o que aconteceu ainda está por vir, o que não aconteceu também.
Maravilha, tenho chances de ser boa no skate, porque nascer menino e aprender a andar de skate aos 8 anos foi a melhor coisa que não me aconteceu. Viva o rímel e a mini saia!

Parece conformista né? Tô aqui pensando nisso agora.
Mas acho que não é não. O desafio é aprender a enxergar de forma colorida que o que não aconteceu - é o melhor que poderia ter acontecido. E o que aconteceu, pode desaparecer amanhã, às 06:54h, quando você estiver saindo pro trabalho e notar que esqueceu a carteira em casa.

Vamos lá, tô pronta então pra:
Esquecer as chaves ao sair de casa, dormir sem tomar banho, não telefonar, não responder emails mecanicamente, falar alto no supermercado com o namorado que tá lá na outra ponta pegando atum, chegar cedo na academia, no curso, na cama, esquecer de tirar a roupa do varal quando há 30 minutos começou uma tempestade, dizer não a convites que não me alegram, aprender a cozinhar, a andar de skate, a surfar, a trocar um chuveiro. Entender definitivamente que não se pode grudar os dois fios do velho ferro de passar roupa, com fita isolante. Também tô pronta pra parar de chamar sushi de 'arroz com fita isolante'... mentira.

Feliz, fico por aqui, vendo chegar o que ainda está por vir. Do que aconteceu hoje, ontem, antes de ontem, ano passado, uma década atrás... na outra encarnação.








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