quarta-feira, 20 de março de 2013

Quando se erra sem querer

Zapeando pela net me deparei com a seguinte reportagem hoje:

"Perucas de palha de aço geram polêmica" - fui ler a reportagem e lá tava escrito que um artista resolveu fazer uma peruca de palha de aço pra um desfile do SPFW, e que algumas entidades que lutam pelos direitos dos negros estavam acusando o artista e o estilista de racismo.

O artista escreveu se justificando:
"A ideia para o look do desfile era ressaltar a beleza de cabelos que podem ser moldados como esculturas, não importando o fato de serem crespos... Foi também uma forma de subverter um preconceito enraizado na cultura brasileira. Por que o negro tem de alisar seus fios? Eles são lindos!"

Também acho! Acho lindo, acho todo mundo lindo, da mesma forma que todo mundo pode me achar insuportavelmente horrorosa.

Pra começar, cada um sente o que quiser e entende como preferir cada acontecimento do mundo. Se alguém de fato se sentiu lesado ou discriminado, ok, não dá pra negar isso, é legítimo e aceitável.

Sou absolutamente contra o racismo ou qualquer outra discriminação, porque SERES humanos são perfeitos e achar que o outro está em algum nível inferior ao seu é no mínimo uma ignorância.

Mas quando li isso, fiz um exercício de pensar em um mundo onde não houvesse racismo, preconceito ou discriminação. Mas também não houvessem 'os ofendidos'. Onde todos nós, pudéssemos nos colocar num lugar de sabedoria e criatividade pra lidar com situações ácidas. Onde pudéssemos ser a nossa melhor versão, o ser potente e gigante que nascemos pra ser... nos "apoderando do poder" a que temos direito desde que carimbamos nosso pezinho no documento do hospital. Ou até antes.

Atualmente parece que tudo é discriminação. E nem sempre me parece que é.
Aí, pode muita gente dizer que 'Fernanda, você não se sentiu discriminada porque não é baixinha, porque não é musculosa, porque não é verde ou cor de rosa'. Pode ser.

Mas no mundo novo, vamos começar nos aceitando. E aceitar não significa que fecharemos os olhos para as milhares de injustiças, maldades e depreciações que existem por aí. Mas apenas ter fé no caminho da vida e saber que vai ser uma delícia conviver com quem realmente somos. E somos lindos e irretocáveis, loiros, morenos, ruivos, negros ou branquelos como eu.

Acho que a discriminação muitas vezes está na nossa cabeça. Li outro dia algo que dizia mais ou menos assim: "Não existe bem ou mal, existem interpretações dos fatos." E não é que é faz sentido?

Talvez algumas pessoas sentiram-se discriminadas com o acontecimento das perucas. Com razão.
E outros provalvemente não ligaram a mínima. Com razão também. O bom é que todo mundo pode estar certo, como pode estar errado.

Agora de uma coisa eu sei... há eventos verdadeiramente grotescos acontecendo por aí. Racismo onde a gente nem imagina e vê, porque nem todos os insultos contra os humanos são publicados na internet ou no jornal. Infelizmente. E eu choro por isso toda semana. Acredite.

Acho que vale sempre seguirmos em frente, e entendermos que o outro também pode estar pensando: "Caramba, não era isso que eu queria dizer ou mostrar. Foi sem querer." Se foi, agora ninguém acredita.

Nessa reportagem, me coloquei por um minuto no lugar do artista das perucas, e fiquei pensando que por qualquer desvio da vida, poderia ter sido eu a criar aquilo (usando a empatia!), e de verdade eu não teria desejado ofender ninguém, nenhuma raça, grupo ou pessoa. Simplesmente porque seria impensável pra ser proposital. Talvez eu no lugar dele, só estivesse usando a criativade para dar outro uso a palha de aço que não a tradicional... como quando a colocamos nas antenas do telhado.

Mas é claro... mais uma vez, essa é só uma percepção pessoal, carregada da minha forma de ver.

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