quarta-feira, 13 de março de 2013

Varinha mágica sem bateria

Notei que em meus textos, tenho escrito muito sobre como as coisas devem ser, na minha percepção é claro. Hoje quero escrever sobre como as coisas de fato são.

Recentemente eu e meu namorado jantamos com dois conhecidos nada próximos... o objetivo era sei lá, entre muitas coisas, sermos simpáticos e quem sabe transformá-los em amigos de 'fé'.

E pra começar, tenho que concordar com a Elizabeth Gilbert, quando ela diz no livro 'Comprometida': "não gosto de conhecer uma pessoa e não ficar amiga dela." Essa sou eu. Tive um amigo no passado que me disse: Fernanda, você me obrigou a ficar seu amigo, porque me rodeava toda hora! Essa aí, sou eu. Sou como cachorro, quero fazer amizade com todo mundo.

E entendo por amizade, qualquer troca carinhosa e bem-humorada de coisas da vida. Não precisa ser um amigo que vá durar por toda a vida, se assim não estiver previsto no script de Deus. Quero apenas trocar energia e felicidade com as pessoas, compartilhar, vibrar e rir com quem estiver na mesma vibe. As amizades podem ser passageiras, e isso não me preocupa... mas conhecer alguém e não ter com ela momentos genuínos de alegria e de bom papo, ahhh isso sim me exaspera.

Mas eu também tenho que entender que não é todo mundo que quer a mesma coisa que eu. Ainda não entendi, talvez nunca entenda, afinal cachorros não costumam pensar sobre isso (eu acho).

Enfim, voltando aos dois conhecidos, senti durante todo o encontro, que aquilo não era pra ser.
As horas voaram, quando dei por mim já estávamos conversando há 5 horas, mas foi um 'lugar' onde a coisa toda não aconteceu.

Pensei de verdade em como ser simpática e bem-humorada, mas acho que o tiro saiu pela culatra, porque depois meu namorado veio me dizer (e eu já tinha mesmo percebido) que falei palavrão a noite toda enquanto fazia as encenações das minhas histórias com ratos, cachorros, carro quebrado, preço da gasolina, culinária e toda sorte (ou azar) de assuntos que pude encontrar no meu HD cerebral pra preencher o tempo. Lembrei então que os dois conhecidos eram bons cristãos, e que provavelmente, enquanto eu achava que aquilo tudo ali era só falta de empatia, eles deviam estar achando que na verdade mesmo, tudo aquilo era um grande horror pra igreja católica (sei lá qual eles frequentam, gosto de todas).

A coisa não fluia nem por decreto da Presidenta. As histórias eram entrecortadas e contadas sem nenhum espasmo de emoção. A sintonia era fraca, a comunicação superficial e os olhares desfocados.

Já passou por isso?

Fato número 1: Ninguém estava de brincadeira.
Fato número 2: Ninguém queria ceder. A história pessoal de cada um era a mais importante, e a do outro... hammm, no mínimo desinteressante e sem nexo. Estávamos todos e cada um, num lugar bem hermético, a prova de balas, e até de piadas!

No dia seguinte pensei que tinha sido atropelada por um caminhão. Sim, porque eu fico martelando e voltando o filme, como quando você bate o carro e fica tremendo por uma hora.

A única coisa em que consegui pensar foi: A nossa varinha mágica estava sem bateria. A de todos nós. Só com ela poderíamos lançar mão dos nossos melhores poderes: amor, alegria e verdade.

Fato número 3: Tudo pareceu fake, como se estivéssemos sendo dirigidos pela diretora Amora Mautner. Na verdade não. Em Avenida Brasil, a mesa do Tufão tinha muito mais verdade e entusiasmo que a nossa.

E quando isso acontece, a empatia não acontece. Sei que deveríamos 'amar uns aos outros', mas também sei que essa teoria não é real sempre. Talvez seja preciso aceitar que em alguns momentos a sua presença não vai simplesmente resolver todo o problema de comunicação e sintonia. Vão existir momentos em que não é pra ser, não vai acontecer, e não tem nada que mude isso - ou talvez até tenha, mas não seja necessário mudar, porque aquilo é o melhor que poderia ter acontecido.

Isso tem a ver com o que falei em outro post:
Ter empatia com aquele grupo, foi a melhor coisa que não me aconteceu.

Sei lá porque eu deveria pensar assim, mas o fato foi, que fiquei muitíssimo incomodada.
Talvez porque a vida esteja passando rápido demais, e gastar 5 horas segurando varinhas mágicas sem bateria seja um imenso desperdício. Ou talvez porque me senti frustrada em não conseguir fazer aquilo tudo ser melhor... queria 'ficar amiga'.

Enfim, seja como for, vale pensar que dá sempre pra ser melhor. E também dá sempre pra lembrar de comprar a bateria pra varinha mágica. Bota um post-it na geladeira pra lembrar, pô!

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