sábado, 4 de maio de 2013

Declare suas intenções

Assisti o novo filme do Tom Cruise chamado Oblivion. Poderia se chamar 'Ó-blivio', porque o tanto de coisa óbvia que se daria na sequência era bastante previsível.

Bom no final do filme, ele em sua nave interestelar precisava de uma autorização para entrar na nave mãe, que ainda não o 'amava de paixão'. E estava lá o Tom Cruise falando, no espaço, com a nave mãe. Lá pelas tantas no diálogo a nave mãe diz: "declare suas intenções."

Ó que coisa. Declare suas intenções.
Tudo bem que ele mentiu e entrou na nave mãe mesmo assim, porque ela achou que ele dizia a verdade. Mas já pensou se em todas as situações pudéssemos seguir esse protocolo: Declare suas intenções - e aí a outra pessoa falasse a que veio?

Já pensou se não existisse mais nenhum jogo entre pessoas? Se a minha real intenção pudesse ser detectada pelo outro logo de cara?

Acho que seria muito verdadeiro e sincero, imaginando claro, que todos fossem objetivos e fiéis aos seus reais motivos.

Ao conhecer alguém novo, eu que vivo me atirando pra cima das pessoas, diria: Minha intenção com você é dividir minhas risadas, minhas músicas novas e boas, um rock intrigante, meu sorvete com brigadeiro, os vídeos e pesquisas que coleciono no favoritos, o sol e muitos passinhos, pra lá e pra cá.

O outro poderia aceitar ou não, mas já saberia qual é a minha verdade. O que me move e o que poderia nos co-mover.

Isso pouparia um tempo enorme. Já pensou?
Pouparia o tempo de ter que se explicar. Não estou falando de poupar o tempo das descobertas das incríveis coisas que o ser humano é capaz de fazer e que te chocaria de felicidade. Esse tempo pode ser vivido.

Estou falando de poupar o tempo dos jogos. Aquele tempo onde eu preciso mostrar mais, conquistar mais, ter mais, brilhar mais que você. Aquele tempo onde você precisa apresentar todo o seu currículo cheio de certificações e benfeitorias pra que eu te valide.

Pouparia o tempo de venda, ampliaria o tempo da feirinha do rolo. Todo mundo trocando.

Pouparia aquele tempo enorme onde as expectativas podem ser muito diferentes, e depois de cinco ou seis conversas casuais, cada um segue pro seu lado - mas isso também é um aprendizado, claro - aprendemos como sermos melhores nesse jogo das aparências.

Declarar as intenções logo no início nos pouparia de vangloriar o passado em prol do aqui e agora. Nos pouparia da armadilha que montamos todos os dias, quando cruzamos com o outro e temos a absoluta certeza de que ele precisa saber do meu melhor.

Ele precisa saber do seu melhor, sem dúvida. Mas o seu melhor não está no passado brilhante que você viveu. Está no presente, no que você está construindo junto com ele no exato momento do encontro.

Declare suas intenções. Não acredito que exista qualquer encontro sem que se tenham intenções. Não acredito no 'acabei de conhecer aquela pessoa, ela está sempre aqui... me parece legal'.

Acredito que sempre dá pra botar a intenção em tudo. Em cada conversa, em cada encontro, em cada gargalhada dividida. Me parece mais colorido e respeitoso colocar as intenções, mesmo que não declaradas, na vivência com o outro.

As pessoas percebem quando é falso, e percebem quando você é real.

Se declarássemos as intenções poderíamos evitar os 'não tive a intenção'. E eu acredito quando ouço isso, por que há quem não tenha intenção mesmo. Nenhuma inclusive. Mente neutra.
Mas pra nos salvar de nós mesmos, dos nossos jogos, há também quem tenha intenções, propósitos e ideias tão brilhantes, que não precisam ser declaradas... afinal sabemos quando é real.

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