quarta-feira, 15 de maio de 2013

Preciso ser mais gata

Ai ai... eu sou neurótica com muitas coisas. Uma das coisas que tem me intrigado ultimamente é que talvez a gente devesse se parecer mais com os animais.

Esses dias tava eu aqui trabalhando, quando escuto um 'tsc tsc tsc'. Já surtei achando que tinha pomba no telhado e já fiquei em pânico só de imaginar esse barulhinho a noite, na hora de dormir.

Desconsiderei o barulhinho e continuei trabalhando. Daqui a pouco, lá vem ele de novo.
Eu inconformada pensei: Né possível... tô ouvindo coisas!

De repente vejo um movimento no chão e quando olho apavorada (quem mais estaria ali comigo??) eis que vejo o Richard Parker, o gato da vizinha.
Na verdade nem sei o nome dele, eu e o Rô o chamamos de Richard Parker porque vimos o filme 'As aventuras de Pi', e dali pra frente demos esse nome pra ele. Tá certo que ele é um felino um pouquinho menor que o do filme... mas e daí?

Enfim, o Richard Parker parou, olhou pra minha cara e ficamos nós dois imóveis.
Um gelo subiu pela minha espinha sei lá porque. Na verdade acho que por medo de estar com alguém que tinha as unhas maiores que as minhas. Numa briga, ele ganharia.

Em questão de meio segundo me levantei e falei: Richard Parker o que você tá fazendo aqui?
Ele com medo, saiu correndo escadaria abaixo e quando chegou na parte debaixo da casa, comigo correndo atrás dele, se viu encurralado. Não tinha uma janela ou porta aberta!

O coitado correu, bateu no vidro da janela, correu, bateu na porta da cozinha, correu, bateu no sofá, olhou pra minha cara, me xingou de vadia, correu e se escondeu bem escondidinho atrás do sofá.

Um medo enorme. Meu e dele, nosso. O coração na mão. O meu. O dele devia estar na pata.

Pensei: Senhor, o que eu faço agora? Ele vai me matar, me rasgar todinha e chamar os amigos (o gato preto inclusive, porque tô com azar) pra me jantar!

Fui morrendo de medo até a porta da sala, abri... e ele nada. Só me olhou por trás do sofá com cara de poucos felinos. Mexi no sofá e ele então saiu, mas pela porta da cozinha, que estava muito mais longe, mas com certeza devia ser um jeito dele me dizer: ei, eu saio por onde eu quiser sua humana!

Fiquei pensando depois que na verdade, ele devia estar com mais medo de mim que eu dele. Devia, porque acho que a coisa tava muito ao contrário.

Pudera, num mundo onde a gente maltrata animais, acaba com a natureza, joga pelo ralo toda água que temos e tá andando pro sol nascendo e se pondo todo dia... é claro que eu ia ficar com muito medo dele. Mãe natureza? Quem é essa?

Já dizia a Cristina Cairo, quem tem gato em casa é muito mais sexy e paciente.
Talvez eu precise de um. Gato anda devagar, uma pata na frente da outra. Se você andar rápido tendo um gato em casa, uma hora você dá com o dente da frente na quina da mesinha da sala. Ou com o olho.

Gato é sexy porque tem tempo. Espia, encara, desfila, passeia, escala paredes, pisca devagar, boceja, senta e levanta com delicadeza, passa a pata na cara, balança o rabo pra lá... pra cá, dorme e corre como se essa fosse a única motivação da sua vida. Ele é felino.

Eu? Não, não. Não pisco, não acordo, não desfilo, não encaro, não me balanço. Eu sou ferina.

Eu devia aprender mais com o Richard Parker. Ele é quem sabe das coisas. Ele usa o tempo a favor e nem fica neurastênico atrás do relógio do iPhone como eu.

Da próxima vez vou bater um papo bem franco com ele: Vou pedir pra ele me ensinar a ser mais gata.

P.S.: Isso tudo me fez lembrar a música do comercial do Windows 8: El hueco (Juliana R)
Diz assim:

Si no me escuchás
No me comprendes
Si no me comprendés
No me conoces
Si no me conocés no valgo nada
Para ti

[Se não me escutas
Não me compreendes
Se não me compreendes
Não me conheces
Se não me conheces não valho nada
Para ti]
 

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